quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Medo do Outro

A parada Gay de Rio Branco deste ano está dando o que falar. Já ouvi coisas no ônibus, nas ruas, bafafá nas mídias sociais e jornais. Mas, hoje cedo uma matéria no jornal local de uma retransmissora da Rede Globo me revoltou. Questões éticas profissionais a parte, não pretendo falar disso neste post. É o assunto da matéria. É polêmico e está sendo polemizado de forma irresponsável ao colocar todos na velha dualidade bem versus mal, e cada qual se enxerga como bem e outro como mal. Indignando com sentimento de revolta profunda todas as (múltiplas) partes afetadas tirando a possibilidade de dialogo. Então, não aguentei preciso falar. Pontuar algumas questões que andam gerando fumaça nos meus miolos. Talvez escrevendo chegue a algum lugar. Talvez se a internet prove ser um lugar também de escuta e não apenas todos falando ao mesmo tempo, alguém me escute e pontue mais questionamentos pra muá.

O estopim da história toda foi uma foto que mostra dois homens simulando sexo oral no meio a multidão. Mas, não é simulando igual quadro do programa Linha Direta. O homem não estava com a boca naquilo, nem aquilo na boca. Estava com a língua no pênis de borracha que o outro segurava. Posou para foto e com certeza nessa hora deve estar se arrependendo piamente da gracinha. Só que o assunto cresceu. E, já tem manchete dizendo que o governador quer pedido de desculpas, tem também (para não fugir da rotina) a Assembléia Legislativa do Acre fazendo sessão para o assunto, dizendo que é uma afronta a família.

Pêpepêo! Rodei a baiana neste instante. Afronta a família são eles que deveriam trabalhar e não ficar discutindo assuntos de forma atravessada não colaborando em nada para a construção de uma sociedade com equidade como prevê o quinto Artigo da Constituição Federal. Afronta a família é corrupção, é roubo do dinheiro público, é compra de votos, são concessões de telecomunicação nas mãos de determinados políticos. Estas sim são afrontas as famílias e ninguém na Assembléia fez ou faz sessão repudiando isso.

Confronto. Foi mais ou menos isso que eu senti durante a Parada Gay. Não vi a cena lá na hora. Mas, senti no ar um confronto. As pessoas chutando o pau da barraca para mostrar que existem são livres e precisam ser respeitadas. Afinal, em Rio Branco foi uma ano cheio de acontecimentos e declarações polêmicas dos nossos representantes do poder público, que colaboraram para dividir a sociedade civil e fortalecer o preconceito e a intolerância.

Já vinha pensando em como seria a Parada um cadinho antes dela acontecer. Algumas pessoas referências do movimento diziam que não participariam, e não participaram. Pois, a Parada Gay estava descaracterizada, tornou-se o novo “carnaval da gameleira”. Concordo com isso quando ouço depoimentos como os de agressão a gays durante a parada, ou como notei vários rapazes olhando com cara de nojo um beijo gay, na Parada gay. A bagunça, a pegação atraem o público, fato.

Contudo acredito que existem mais coisas do que pura curtição na própria atitude irreverente dos gays quanto a expressar seus desejos carnais. Penso que o movimento Gay não pode ser comparado ao Movimento Social, por exemplo, o Movimento das Comunidades Eclesiais de Base, ou o Estudantil, quando estes ainda tinham identidades solidas. Acho que temos que nos lembrar da nossa contemporaneidade (ou pós-modernidade) e a sua descaracterização dos movimentos sociais, devido ao capitalismo que sugou nosso sentimento de contestar, e o vende em estampas de camisetas.

Então, eu (e, friso eu) acho que o movimento LGBT tem um pouco essa característica de contestar ao explicitar o lado sexual da coisa, que também tem muito a ver com o que eles desejam, a liberdade de expressão dos sentimentos. Afinal, o discurso religioso (católico) por anos proibiu o prazer, a idade média está ai para provar isso. Esse discurso ainda esta presente hoje e não permite que discutamos sobre sexo. Não preciso nem falar de boquete e relações homoafetivas por aqui, basta pensarmos na proporção de mulheres heterossexuais que tem a liberdade de se masturbarem antes da primeira relação sexual comparado aos homens. É um tabu, é um preconceito fruto de um discurso histórico e perpetuado até hoje. Por isso, acho que a postura “escrachada” de uma Parada Gay tem que nos fazer pensar e falar sobre o que não deve ser falado, como o sexo e sexualidade. Quem sabe se começarmos a falar talvez possamos fazer mais e assim o recalque iria pra cucuia e tudo caminharia para uma essência mais hippie, de paz e amor em proporções inimagináveis.

Só que também acho que a atitude confrontadora da Parada, não foi simplesmente a busca de liberdade de poder transar e amar quem você quiser, sem que o outro se sinta ofendido. Temos que considerar o contexto, o que antecedeu na parada gay, para inflamar tanto os ânimos. Porque como dizem as Escolas Marxistas e de Análise do Discurso não rola analisar uma frase sem entender quem a pronunciou, como a pessoa se sentia no momento, se estava com fome, querendo ser engraçado. Não dá para olhar só a estrutura sintática temos que entender o que está se passando.

E o que se passou neste ano para que a sociedade acreana ficasse atenta a qualquer fio fora da linha na Parada foi muita coisa.

Primeiro fato que em Rio Branco repercutiu de forma atravessada mais uma vez por culpa da inconsequência da Assembléia Legislativa acreana foi à censura ao Filme “Não quero voltar sozinho”. Não vou detalhar timtim por timtim dessa história. Mas, o fato é que aluno e professor não souberam se escutar e comunicar, e o babado, comunicado por fofoqueiros (aqueles que vivem para cuidar da vida do outro), foi parar na Assembléia Legislativa condenando um filme que buscava discutir o preconceito.

Outro acontecimento forte foi o anúncio da intenção do Governo Estadual de destinar recurso público para construção de um Parque Evangélico, isso trouxe outras muitas questões, jogadas políticas, e população brigando contra ela mesma mais uma vez.

Teve também o protesto contra as mudanças previstas na legislação através da PLC 122/2006, que dispõem sobre casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

Sei que já pratiquei evangelicofobia. Sim, sou injusta por fazê-lo, me arrependo de dizer certas atrocidades, não é discriminando o outro que o preconceito será extirpado. Precisamos parar de generalizar, colocar o outro como vilão.

Por isso, fico triste vendo as pessoas se atacando por serem diferentes. Porque assim nunca teremos respeito. E, respeito não significa ficar calado de cara feia enquanto o outro (estranho a mim) se pronuncia, e depois sair dizendo “Eu não tenho preconceito, desde que ele não venha pra cima de mim.” Gente cadê o amor? Respeito é entender o outro, o diferente, e não buscar excluí-lo, varrê-lo como sujeira que infecta nossa sociedade “pura”. Isso é hipocrisia.

Analisando a Parada e sua repercussão casando com algumas leituras, acho que Arjun Appudurai tem toda razão quando diz que o medo ao pequeno número (as minorias) tende a fazer que a maioria queira excluir os outros. O que não é EU nem NÓS é ELE, é o outro, o diferente, o estranho, o alienígena. E, os gays, lésbicas, travestis, transexuais são o diferente, representam ameaça a ordem vigente de poder e dominação pelo simples fato de serem diferente. Mas, existem outros vários excluídos. O pensador ainda diz que a exclusão que fazemos do outro gera uma ação e reação de violência.

Não sei se estou certa nesses meus questionamentos, sei que posso estar sendo violenta e preconceituosa, peço desculpas. Mas, algumas coisas precisam ficar de lição. Uma delas é que o movimento LGBT vai ter que repensar a parada gay, a outra é que a Assembléia Legislativa do Acre me assusta.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ele estava ali sozinho. Escondido do sol escaldante na sombra daquela árvore. Pendurado no galho duma mangueira. Parado. Nem a brisa o embalava.
Quando ela o viu. Sorriu. Olhou em volta e não tinha ninguém por perto. Todos estavam em suas salas. Caminhou até o balanço. Fizeram aquele balanço durante a manhã. Oras! Não tinha nada pendurado ali mais cedo.
Sentou. Pensou, será que ainda sei fazer isso? E, se as cordas arrebentarem? Foi para trás subindo nas raízes da mangueira. Abaixou a tábua. Flexionou os joelhos. Seja o que Deus quiser.
E, balançou. Lembrou dos tombos, da vontade de ter tido um balanço no quintal para brincar a vontade. Lembrou-se do melhor que o balanço dos balanços causam, a vontade de voar, voar bem alto.
Pulou.


Foto Manu Falqueto

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Quantos Beijos se deve dar numa mulher

Tenho por ai alguns amigos, que vira e mexe me perguntam o que devem fazer para manter um relacionamento, como entender as mulheres. Elas são complicadas, difíceis, e a principal queixa, nunca estão satisfeitas. Quem tem homens como amigos em algum momento eles resolverão fazer esta consulta. Como se você fosse resolver e tivesse a resposta na ponta da língua.

Não existe um procedimento. Não existe solução mágica. Não existe uma resposta, assim como não existe uma pessoa igual à outra no quesito sentimentos.

Mas, acho que existem perguntas que você pode fazer, e assim, ter uma luz no fim do túnel das “incompreensíveis” mulheres.

Comece se perguntando quantas vezes você a beija?

Quantas vezes você a beija por dia? Se você começou a puxar na memória para contar já está errado e completamente desprovido de qualquer vestígio de razão. Está tem que ser uma conta sem resultado finito.

Exercite sua memória tentando lembrar-se se já teve alguma vez que você ficou sem a beijar na boca antes “fazerem amor”? Para esta pergunta não vou nem mencionar a gravidade, principalmente, porque o homem faz isso sem perceber. E, podem ter certeza que é uma porta no coração dela que se fecha.

Se pergunte qual foi a ultima vez você a acordou com beijos? Se é que já teve alguma vez, né? Ultimamente você andou praticando o ato de beijá-la durante um filme de terror para ela não assistir e conseqüentemente não ficar com medo. Ou até de qualquer outro filme? Quantas vezes você beijou cada parte do seu rosto nos últimos dias?

Se arrisque a perguntar também, quantas vezes você ligou só pra dizer que ouviu uma dessas músicas que são clichês românticos e lembrou-se dela? Ou quantas vezes na ultima semana você ligou só para dizer que não consegue parar de pensar nela? E, vamos parar no mérito da ligação, porque se questionar as cartas de amor, pode ser difícil...

Se pergunte também, quantas vezes num domingo à tarde, mesmo quando não tinha jogo nenhum para ver ou jogar, mesmo tendo visto ela durante a semana toda. Você por algum acaso pensou em surpreendê-la chegando na residência da amada ao entardecer com um pacote de pipoca falando que veio ficar fazendo nada com ela?

Se pergunte quantas vezes você realmente olhou para ela e disse que ela é linda mesmo ela estando com a roupa da faxina? Porque a roupa não importa, pois, você sabe que é sortudo por tê-la. Quantas vezes você pegou uma onze horas de um canteiro vizinho e deixou na janela dela?

Se pergunte qual foi a ultima vez que você fez um jantar para ela, com as coisas que ela gostaria de comer num jantar romântico?!

Se a relação esta desgastada. Você não agüenta mais ela cobrando mais atenção, e você sem saber o que fazer, afinal, já estão namorando há tanto tempo, não pode levar ela para jantar fora porque você ainda não recebeu, ou já está duro e cheio de contas para pagar.

Pensamento errado é falar em dinheiro, quando ela cobra atenção. Não que não gostemos de um mimo às vezes, voltamos à ideia do homem das cavernas, o protetor/provedor. Mas, as cavernas passaram, ela precisa é de atenção.

E, entenda que na sua cabeça de homem uma relação estável, é algo que depois de todo o processo árduo da conquista, esta tudo bem, e perfeito. É da mentalidade totalmente masculina achar que depois de tanto tempo esta tudo bem, afinal a conquista foi lá atrás. As mulheres até entendem isso, mas não compreendem. Afinal, presa abatida não é presa morta. As mulheres têm necessidade de serem bajuladas. Se esta difícil de entender assista filmes românticos iguais ao “Como se fosse a primeira vez”.

Se nestas perguntas tiver alguma que você não se lembre nem da primeira vez, pontinhos, pontinhos para você, homem desnaturado....

Se pergunte várias outras coisas que tem haver com romance e romantismo. Saiba fazer estas perguntas, porque se você não souber criar uma perguntinha dessas que seja, também não entenderá as mulheres.

E sua flor vai pelo vento.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Se ao menos uma vezinha só, os motoristas se lembrassem de quando eram pedestres certos tipos de acidentes de carros não aconteceriam.

Será que as pessoas têm a memória tão fraca? Se a capacidade de armazenar informações no cérebro é imensa ao ponto de termos milhares de gavetinhas, localizadas em algum lugar do nosso subconsciente, com todas as coisas que vimos, sentimos, vivemos e fazemos. Temos potencial de uma dispensa gigante, mas vá lá saber o que tem lá dentro.

Não deveria ser assim, porque, se dentro daquela dispensa, tivesse ordem as lembranças fluiriam na nossa cabeça mais rápido, não é! E, assim os benditos dos motoristas recordariam como era quando eram pedestres, e não passariam o sinal vermelho deixando o pobre do gasta sapato lá plantado de baixo do sol -queimando neurônios e ampliando suas possibilidades de desenvolver câncer de pele- esperando a caridade de algum motorista que se lembre, “Ah, estou motorizado, com um capô me protegendo do sol vou chegar mais rápido que este pedestre , então posso deixar ele passar”

Mas nãooo! A memória não ajuda os pobres dos motoristas. O cérebro é mesmo uma coisa inútil. Além de não conseguir fazer as lembranças serem lembradas, não consegue nem raciocinar. Porque, vejam bem, aquelas pobres pessoas que por infortúnio do destino nunca chegaram a saber o que é ser um gasta sapato. Elas precisariam saber raciocinar para pensar que por estarem de carro vão mesmo chegar mais rápido, logo não precisariam furar os sinais vermelhos, não necessitariam buzinar para o pobre do pedestre que saiu correndo atrás do Mercedes Bens, porque além de gasta sapato, às vezes quase sempre, dependem dos Mercedes Bens para percorrerem distancias longas. E o cérebro inútil não pensa para seu dono. Então, ele com raiva esquece que mesmo o gasta sapato sendo um gasta sapato é da mesma espécie que ele, e acelera o carro para passar por cima daquele pedestre que o deixou enfurecido por tentar atravessar a rua.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Caçula


O Caçula é um cara muito engraçadinho. Tem tudo do bom e do melhor. É o mais bajulado. O Bebêzinho da mamãe. Mas, sabe porque? Porque seus pais tiveram o filho mais velho para bater, gritar e botar mais de castigo. Foram se aprimorando. Filho mais velho, da minha geração, pegou os pais muitos novinhos, inexperientes. Nós, filhos mais velhos fomos cobaias. E lá em casa não podia ser diferente. Eu, como filha mais velha, acompanhei todo este processo. Conhecimento de causa.

“Sabe qual é o meu sonho? Me aposentar. Se eu vou sair daqui de casa? Nunca. Vou viver com a mãe e o pai pra sempre.”, dizia isso o caçula lá de casa, com 17 anos de idade, sem nunca ter pego no pesado. É pra acabá com o piqui de Goiás. Ele ficou ensaiando passar num vestibular uns tempos. O que não deixou a mamãe muito feliz. Mas, fazê o que ele é o caçula. E, sabe, com caçula as coisas são diferentes. Ela só se estressava. Se fosse na minha época...Num quero nem pensar.

Mas, enfim, tudo foi consumado. O nosso caçula passou no vestibular. E ontem foi seu primeiro dia de não aula. Não aula porque é de praxe em faculdade pública o primeiro dia você não ter aula, gastar ansiedade à toa. Mas, ele, teve não só o primeiro dia, mas saiu de casa. Se bem, que saiu não é a palavra certa. Se pra mim foi um empurrão, para ele sair do lar doce lar foi um chute mesmo. Isso que eu to sendo sutil. Sei que meus pais traçoram toda uma estratégia, e tática chamada o “Plano X: Meu caçula vai sair de casa”. Com mensagens subliminares durante nossa amamentação e tudo mais...

Depois, doutrinando ainda na nossa infância da vontade de estudar fora (fora aqui, é lógico, é igual a morar só). Porque vocês sabem, isso não depende só de condições financeiras. Tem que estar inculcado, porque se nós (os filhos) fossemos pensar, pra que sair de casa? Cama, comida, roupa lavada e sem preocupações. Comigo, a mais velha, deu certinho a doutrinação, gosto, gosto mesmo de morar só, e da história a auto-sustentação. A outra já não deu tão certo, mas ela que invente de desistir, vai ver o que é bom pra tosse. E, agora foi-se o bebêim da família...

Eu estava quase propondo um bolão, para ver se o nosso caçula vai se comportar como a filha mais velha (eu), ou ia ser mais para o lado da minha irmã. Mas, sabe, isso nem importa muito. Importa mais que ele se de bem, e saiba viver esta fase de amadurecimento muito boa. Mas, ainda aposto mais em mim, afinal, de quem ele copiou a forma de desenhar árvores? Quem? Quem?!

Quando eu optei por sair de casa. Mudar de Estado. Foi por causa dos sonhos que tinha construído. E, que de uma forma ou de outra realizei. Mas, sabia que este meu sonho me custaria caro. Tinha que ir na estrada e olhar firme para frente, se ficasse olhando muito para trás vacilaria, iria querer voltar para a segurança da minha família. Mas, esse olhar firme para frente, me fez não ver coisas muito importantes. Tipo, o crescimento do meu irmãozinho, que já não é um tão inho assim... Não que estivesse ausente, mas não estive totalmente presente, quando ele mudou de voz, ou foi para primeira balada, mas estava aqui vendo meio à distancia, e torcendo muito por tudo.

Foi a distancia que vi ele se tornar este rapaz prestativo, paciente, competente. Às vezes meio preguiçoso. Mas, sempre meu irmão de caracóis na cabeça, que resolvia meus problemas com martelos, furadeiras, para as minhas invenções artísticas, em algumas até obrigava ele a participar, outras, ele gostava da idéia e aprimorava.

E, mais uma vez daqui, vendo de longe, mas vendo. Torço, Rezo, peço muito por você. Que esta fase seja de realização e construção de novos sonhos, porque uma vida adulta sem sonhos, não é pra gente criada lá em casa pelo papai e mamãe.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Por aqui mermo, Maninha!

foto: Manu Falqueto

Depois que sai de mala e cuia, e põe mala nisso, do Estado onde o vento faz a curva. Voltei, não com todas as cuias, mas voltei. E, nesse mês lindo que se encerra ainda esta semana, adquiri um motor mais turbinado, 2.3. Foi a quinta vez que completei anos de vida por essas bandas, que dependendo da perspectiva pode ser o fim ou começo do mundo.

Piadas infames a parte, na minha perspectiva, aqui foi e tá sendo o começo de um mundo chamado transição e fase adulta. (Vocês ouviram o grito? O grito de dor que eu dei? Afinal, ainda não sei se quero mesmo fazer parte desta fase, apesar das condições físico – biológica -financeiras conspirarem contra o meu não desejo). Mas, voltando a nossa conversa. O Acre é um cantinho aconchegante pra cacete (com perdão da palavra)! Não é a toa que rondonienses que passam meros 4 anos e pouquinho por aqui, já se consideram acrianos e adotam aqui como pátria. Não é a toa que nas minhas férias de fim de ano, eu lá, linda e loira sentindo a maresia do Atlântico ficava pensando, falando, lembrando e sentindo saudades daqui.

Então, era mais do que óbvio que não iria ficar na minha terra natal por muito tempo. O Acre tem um ímã que me atrai. Eu já tinha bebido da água do Rio Acre. Já sei falar cantado, “oh”. O por do sol daqui é uma maravilha. Rio Branco tem umas cores quentes, igual ao jeito acriano de ser, quente, principalmente no aspecto gostoso e bom da palavra – e não me lancem olhares de censura, nem moralidade fajuta.

Como diria um slogan por aqui “Aqui é o meu lugar”. Fiz aniversário aqui, uns foram ótimos, o último não foi tão bom assim, mas o que salvou foram os (meus) acrianos aparecendo lá em casa, e, mandando mensagem. Isso, me fez mais uma vez saber que vou ficar aqui, com ou sem governo que eu gosto, já determinei o local do dia do meu Fico. E, fico por aqui “mermo, maninha”.

Mas, às vezes é difícil ficar. Principalmente quando queremos alçar uns vôos à beira mar, em busca de sonhos. Sair dos lares é difícil.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Cenas de um Filme Frânces

Ontém lembrei da época que queríamos ser um só. Você sabe que só falo assim com você. Nem adianta disfarçar. Sei que você também se lembrou. Mas, sinceramente, não deveria mexer em baús antigos como o nosso.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Meu pé de Limão Lima

Ontém me deu uma nostalgia danada do ontem, do antes de ontem, e do antontem. Nostalgia daquelas sardades brabas que serra com serrote o peito pra ficarmos uns dias amuados, num canto jogando com os pensamentos sobre os sentimentos mais profundos do coração.

Vagando nas saudades de andar descalços o dia todo sem importar, sujar a roupa sem se preocupar, trepar em árvore só pra ouvir uma mãe gritando “desce dessa árvore, muleca! Na hora que cai num vem chorando pra mim não”. Saudades de ter lanche da tarde, depois de brincar de pé na lata, esconde-esconde, posto de gasolina no pé de limão...

Ah, o pé de limão. Miado. Pequeno. Mas da altura suficiente pra ser fonte das inúmeras brincadeiras do antontem. Estacionamento, Loja, restaurante, pega pega, cai no poço... E, suas folhas com cheiro da fruta que dá nome ao pé, que eu nunca vi um fruto, ainda serviam pra serem comidinha e dinheirinho... Como ele deve ter agüentado as oito crianças que vira e mexe sempre estavam ali arrancando suas folhas, se escorando no caule fino, e usando sua mirrada sombra.

Eita pé de limão resistente! Resistiu a essas crianças arrancadoras de sua seiva, a mudança do muro de lugar, a várias construções, mas não resistiu ao tempo que levou a infância das crianças. E o meu pé de limão lima, igual ao da estória famosa, que não foi doce como a laranja lima, mas doce como só os dias da infância podem ser.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Minha profissão é falar

Minha profissão é falar. Mamãe dizia, posso não ter aprendido a andar rápido, mas falar... Falava tanto que nem deixava minha irmã falar quando éramos crianças. Ela gesticulava e eu traduzia em palavras. Na verdade, muitas vezes não deixo as pessoas falarem com meus diálogos que mais são monólogos. Lógico, que não podia dar em outra, sou formada em comunicação, a arte de falar e ouvir. Tá certo que é muito simplório resumir o conceito de comunicação nisso, mas não quero aqui discutir conceitos acadêmicos. Quero mesmo é falar que quase nunca tenho problemas comunicativos sérios. Contudo, certas coisas importantes, ruins ou boas, enrolo, prolongo, delego, protelo, mas não consigo falar sobre elas...Olha que paradoxo.

Mas, acho que com todo mundo é assim. Lembrem garotas, da dificuldade de contar pra mãe sobre o primeiro namoro, mesmo que as mães sejam que nem a minha é, super abertas à conversa. Contar um pecadilho, uma briga na escola, uma nota baixa, uma reprovação (e essa tem que contar logo, antes que a diretora ligue). E várias outras coisas. Falar sobre certos assuntos por mais bobos que pareçam aos olhos alheios dá aquela sensação de frio incontrolável na barriga.
É o medo da reprovação do olhar do outro. Porque com os castigos que recebemos, choramos, mas passa. Mas decepcionar o outro, sejam os pais, amigos, parentes ou namorados, é o que gera todo esse transtorno emocional. É o que nos faz ficar às vezes ensaiando no espelho, contando para nós mesmos várias vezes até chegar o momento certo, o momento propício.
Só que de tanto ensaiar, prepararmo-nos, afinal não é fácil para nós, acabamos deixando passar os momentos de falar. Das poucas coisas que aprendi nesses vinte e dois anos com a vida, não existem momentos certos, existem chances de deixamos passar a cada dia que não falamos o que sentimos para o outro, para a pessoa amada, que não pedimos perdão pelo erro, que não abrimos nosso coração com que amamos.

sábado, 16 de abril de 2011

Algumas Verdades descobertas

Contexto: Finalmente depois de muita dedicação, estudo, falta de vida social, e stress... Apresentei minha monografia (final de ano passado, novembro). E o membro que representou minha família foi meu irmão caçula. Retornando para meu ex-apertamento, empolga, feliz e sem um milhão de quilos nos ombros após a apresentação, resolvo perguntar...

-Lucas, o que você achou da minha monografia?

-Ahhh....Legal...

-Não, Lucas, fala o que você achou, por favor.

-Ah, Manu...Que você esperou a faculdade para falar de todos os seus traumas de infância...

(Verdade)


domingo, 13 de março de 2011

Do horroso aos belos Girassóis de Van Gogh

(Ao longo da sua vida Van Gogh fez sete telas com girassóis)

Não sirvo para escrever, e está é minha sina. Se eu professasse o islâmismo diria, que este é o meu carma. E nem sei porque estou aqui ainda dando murro em ponta de faca.
Foi desde cedo que soube, jamais seria um gênio em qualquer arte que admirasse. Mais precisamente foi um trauma de infância... Não, tem tanto, estava mais para uma observação e analise muito pertinente. Dessas analises que só fazemos na nossa infância. Lá determinei que seria mais uma ilustre desconhecida. Foi na infância que jurei para mim mesma que seria uma pessoa anônima, daquelas bem normaiszinha.
Abandonei, ali naquele momento na doce e pura infância, qualquer possibilidade de ser um gênio em algumas das artes. E a culpa foi de VanGogh! Aquele miserável, até porque ele realmente morreu pobre nu com a mão no bolso, ou seja, um miseravel de fato. E pior, morreu e nem era famoso! Só mais tarde foi reconhecido grande pintor. E vamos e convenhamos para uma baixinha gordinha que queria ser top model (acreditava demais nos incentivos maternos), ai foi minha primeira desistência. Então pensei, sou gorda e feia tenho que ser inteligente, mas dava tanto trabalho tinha que ler muito. Entãooooo, pensei vou ser artista (ou seja pobre e sem noção de realidade)! Fiz minha mãe me matricular no curso de pintura do sesc da minha pacata cidade.
Foi quando deixei de lado o mundo das passarelas e abracei de fato a pintura que conheci MARI, um elemento amável, professora da aula que me tornaria um gênio das cores. Mas, Mari não se conteve com a função que lhe tinha destinado, ela foi mais longe. Disse que um pintor, meio gay, meio com crise constante de identidade, um tal Van Gogh, tinha arrancado a própria orelha. Ahhhh!!! Para tudo!!! Neste momento, minnha racionalidade infantil juntou A+B, e concluiu, gênios são completamente MALUCOS! Sem fama em vida, muito infeliz e piradão. Porque pensa comigo, NINGUÉM em sã consciência, de bem com a vida, arranca a própria orelha. Imaginem o que Bethoven daria por essa orelha??? E sem contar que seus girassóis na real, na real, eram horrorosos. Coisa distorcida, esquizofrênica.

E foi na inteligência do desflorar da juventude (poético, né?) que passei a achar lindo o feio. Passei a reconhecer a importância do contexto social de criação das obras, impressionistas, expressionistas.
Então, foi assim devido a este episódio que acabo de contar pra vocês que decidi não investir nessa vida de gênio, ser apenas normalzinha, mas com as duas orelhas no lugar. Não preciso pirar o cabeção com questões que as personalidades geniais tem, ele são muito pessimistas, não tem uma vida com o foram “felizes para sempre”.
Mas, mesmo assim, contrariamente, passei minha pré-adolescencia frequentando escolinhas de arte, de teatro e finalmente a faculdade de jornalismo. Acho que pra ver se ficava boa em algumas dessas artes, mas abandonei todas. Só não a faculdade, viu mãe? Sua filha vai ser alguém na vida, mesmo que jornalista.
E para os leitores atentos de disciplinados manuais de redação jornalística confirmaram o quanto não sei escrever. Então, você que já deve estar quase se descabelando de raiva perguntando; porque escrevo ainda? Ah...Quem sabe...Quando Van Gogh olhou seus girassóis, não disse, “Que coisa horrível! Não sei pintar! Vou contar minha orelha.” E hoje, essas telas valem milhões. Afinal, García Márquez não gostava tanto da sua escrita como revela na obra “Viver para Contar”. E, Eistain não reprovou na escola? Esperanças meus amigos, é a ultima que morre. E, é mesmo. Você pode morrer primeiro, mas ela não.

terça-feira, 8 de março de 2011

Criações de Carnaval



Inspirada no carnaval...




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Até podia ser frio.



Para alguns era o lugar onde viviam os monstros que atormentavam os sonhos da nossa infância. Ali, foi para muitos o lugar de jogar tudo que não se queria guardar no armário. Pode ser lugar de obvio para esconder um amante. Mas, para ela ali era o lugar onde deixava suas tristezas, se escondia das pessoas, ficava sozinha no seu pequeno espaço de mundo que ia daquelas lajotas de cerâmica alaranjadas ate a grade da cama. Era sim, era ali debaixo da cama, que ela podia sumir do mundo e chorar em paz ate seu coração acalmar. Era difícil entrar ali em baixo, e duvido que ela consiga fazer isso ainda hoje.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


Esperar é tão difícil.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011