Minha profissão é falar. Mamãe dizia, posso não ter aprendido a andar rápido, mas falar... Falava tanto que nem deixava minha irmã falar quando éramos crianças. Ela gesticulava e eu traduzia em palavras. Na verdade, muitas vezes não deixo as pessoas falarem com meus diálogos que mais são monólogos. Lógico, que não podia dar em outra, sou formada em comunicação, a arte de falar e ouvir. Tá certo que é muito simplório resumir o conceito de comunicação nisso, mas não quero aqui discutir conceitos acadêmicos. Quero mesmo é falar que quase nunca tenho problemas comunicativos sérios. Contudo, certas coisas importantes, ruins ou boas, enrolo, prolongo, delego, protelo, mas não consigo falar sobre elas...Olha que paradoxo.
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Minha profissão é falar
Mas, acho que com todo mundo é assim. Lembrem garotas, da dificuldade de contar pra mãe sobre o primeiro namoro, mesmo que as mães sejam que nem a minha é, super abertas à conversa. Contar um pecadilho, uma briga na escola, uma nota baixa, uma reprovação (e essa tem que contar logo, antes que a diretora ligue). E várias outras coisas. Falar sobre certos assuntos por mais bobos que pareçam aos olhos alheios dá aquela sensação de frio incontrolável na barriga.
É o medo da reprovação do olhar do outro. Porque com os castigos que recebemos, choramos, mas passa. Mas decepcionar o outro, sejam os pais, amigos, parentes ou namorados, é o que gera todo esse transtorno emocional. É o que nos faz ficar às vezes ensaiando no espelho, contando para nós mesmos várias vezes até chegar o momento certo, o momento propício.
Só que de tanto ensaiar, prepararmo-nos, afinal não é fácil para nós, acabamos deixando passar os momentos de falar. Das poucas coisas que aprendi nesses vinte e dois anos com a vida, não existem momentos certos, existem chances de deixamos passar a cada dia que não falamos o que sentimos para o outro, para a pessoa amada, que não pedimos perdão pelo erro, que não abrimos nosso coração com que amamos.
sábado, 16 de abril de 2011
Algumas Verdades descobertas
Contexto: Finalmente depois de muita dedicação, estudo, falta de vida social, e stress... Apresentei minha monografia (final de ano passado, novembro). E o membro que representou minha família foi meu irmão caçula. Retornando para meu ex-apertamento, empolga, feliz e sem um milhão de quilos nos ombros após a apresentação, resolvo perguntar...
-Lucas, o que você achou da minha monografia?
-Ahhh....Legal...
-Não, Lucas, fala o que você achou, por favor.
-Ah, Manu...Que você esperou a faculdade para falar de todos os seus traumas de infância...
(Verdade)
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