domingo, 15 de novembro de 2015

Desabafo: sim, continuarei assim para seu desprazer!

Quando liguei a TV, peguei bem essa parte e não aguentei, desliguei a TV.

"Jô Soares constrange Jout Jout com comentários sexistas"


Sabe o que penso?
Tenho a impressão que quando as pessoas sabem que você é feminista ou defende alguma causa elas começam a te provocar e ofender para ver se você encarna o monstro que elas são por serem preconceituosa, ou que você vai desistir das suas convicções para ficar retardando igual elas.
Ficam soltando frase clichês do tipo: “hummm... cuidado para não ficar muito radical”; “Você não acha que tá procurando piolho em cabeça de careca”; “Viiiixiii, já vai ficar dizendo que qualquer coisa que falo te ofende”, fazem aquele olhar de “coitadinha dela lutando por causas perdidas, vem para realidade, vem fiá”, ou pior passam para baixaria mesmo.
É difícil, tem hora que fico desestimulada, penso que realmente só eu penso assim, será que o mundo é assim mesmo, eu que estou delirando. Mas, quando vejo essas coisas, como essa que aconteceu com a JoutJout, meu sangue ferve! Tenho vontade de pegar um mega fone e falar:
-Sim, sou radicalmente a favor do amor. Sim, sou feminista! Tem algum problema?!
-Sim, sou sonhadora! Sim, acredito que com dialogo podemos construir um mundo mais digno e respeitoso.
-Sim, melhor ser sonhadora e saber sentir do que ser levada pelo sistema opressor que aniquila nossa diversidade.
-Sim, você pode me provocar, mas não vou virar o monstro que você pensa que as feministas são. Sabe, você só pensa assim por falta de instrução, conhecimento e até solidariedade.
-Sim, melhor ser assim com minhas causas do ficar igual um idiota rindo de piadas machistas, racistas, homofóbicas e preconceituosas.
-Sim, tem muita coisa que você fala que ofende e ofende pra KCT!
-Sim não vou parar! Estou apenas começando, benhê! Porque se eu parar de me sentir ofendida vou ficar igual aos idiotas que não tem senso critico, ou que optaram ser assim mesmo rindo das piadas preconceituosas.
Esse papo de que não se pode mais fazer uma “piadinha inocente” porque tudo é politicamente incorreto é mais uma vez o discurso paternalista tentando deslegitimar um movimento de conscientização que diz “pera aê, isso é errado e temos que repensar”. Um movimento de conscientização que está despontando e indica os erros históricos, crassos e que infelizmente foram evoluindo com a humanidade em níveis de exclusão e crueldade enormes. Como nossa sociedade foi estruturada em torno desses preconceitos e exploração é claro que tem muita coisa para mudar, mas com certeza não significa que não se pode fazer piada, seu ignorante! Só que é preciso saber fazer sem ofender, porque como já disse tão bem o documentário “O riso dos Outros” é muito fácil (e diria covardia e violência) fazer piada dos explorado.
-Não! Não, é papo furado questionar e dizer zefini a tais discursos dominadores, discriminatórios e violentos. Para pra pensar... Um pouco só, por favor. Se você o fizer, vai conseguir criar sem precisar vender a imagem da mulher-objeto.
-Não, não é piolho em cabeça de careca. É toda a história humana de discursos que perambulam por aí e que são inculcados na gente, que até adotamos como certo que não estão certos.
Sabe, ultimamente tenho me sentido meio sufocada, como se fosse sozinha, mas não sou. E, esse meu desabafo é sim um escracho de apoio a todas nós e todos nós que somos ofendidos cotidianamente por acreditamos que tem coisa muito errada nessa normalidade estandardizada e paternalista.
Agora que sai virtualmente da moita, que venham as ofensas, narizes tortos...

E, para vocês os recalcados, que não conseguem pensar por suas próprias cabeças ou ter um pingo de senso critico, ficam na condição papagaio reproduzindo discursos lixos, digo: só lamento! E, beijinho no ombro.