sábado, 29 de março de 2008

Diposta sim, preparada jamais...


Estive estando em mim
Estive pensando; no gosto do vento; na cor da alegria; e na tristeza da nostalgia.
Estive descobrindo como é bom viver velhas lembranças, meras e passadas lembranças. Às vezes é frustrante enxergar e encarar outra realidade. Mas, imaginem tamanho egoísmo impor aos outros ficarem presos às velhas lembranças, enquanto, ate eu, desprendi-me delas.
E bati de cara com outra realidade.
Estive viajando. Nas ondas de emoções para chegar à ilha de pensamentos e descobri que nada é certo, que nada sei e que sempre vou chorar e rir. Por que demorei tanto para entender o meu Sócrates - lírico?!
Estive re-entendendo o mudar e seus desafios espinhosos que me leva a olhar para cima, banhada pela fé no crescer, no alcançar e no melhorar. E, realmente as rosas aparecem à cima dos espinhos. É por elas – as quais talvez nunca toquemos, só sentiremos seu aroma , e vislumbrarmos suas cores. Elas nos levam a caminhar em meios de seus espinhos endurecidos de sangue. Talvez seja isso. A rosa do crescer se alimenta das lágrimas vermelhas derramadas de nossas alegrias e sonhos, por isso lutamos. Inutilmente? Não, não pense assim...
Estive confessando que erro. E, às vezes gosto de cometer incansavelmente certos erros. Deve ser porque não são tão errados assim... Bem, como já disse; não sei.
Estive lá onde as ondas explodem, estive ali perto do lá, mas onde a miséria insiste em querer consumir-me, estive acolá perto dos girassóis e estou aqui perto de mim.
Pronta para começar? Não, nunca! Nunca estarei pronta para nada. Assim é melhor, do contrario qual seria a graça se sempre estivéssemos prontos para tudo? A beleza das coisas é descobrir que não precisamos estar prontos para nada, apenas dispostos a viver.

p.s.
Muito obrigada mãe! Te amo muito!
Foto: by Manu Falqueto "As nuvens aveludadas"

segunda-feira, 17 de março de 2008

Cegueira Bendita


Ando perdida nestes sonhos verdes
de ter nascido e não saber quem sou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!


Não vejo nada, tudo é morto e vago...
e minha alma cega, ao abandono
Faz me lembrar o nenúfar dum lago
'Stendendo as asas brancas cor de sono...


Ter dentro d'alma a luz de todo mundo
E não ver nada neste mar sem fundo,
Poetas meus irmãos, que triste sorte!...


E chamam-nos a nós Iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros te' à morte!

(Florbela Espanca)
p.s.

Estava à toa da vida, pensando angustiadamente em como controlar a corrente de emoções que brotavam do meu peito. Então porque não degustar um pouco das linda viagens proporcinadas pelos sonetos.
(foto- o caminho para Porto Velho- Manu Falqueto)

sexta-feira, 14 de março de 2008

Paris Je T'Aime






Assim simples assim complicado é o amor. Às vezes pode ser mesmo complicado a tal ponto que sentimos que nada mais importa, só a complicação daquele momento, que por mais difícil que possa ser é apenas um momento. Contraditório? Não apenas simples e complicado amar.


Assim simples, o que senti, assim complicado de falar e escrever. Talvez se vocês assistirem “Paris Je T’Aime” possam entender.

Bem, não sou muito boa em fazer criticas de cinemas, mas deixo aqui um conselho, assistam. Um filme encantador, com varias e emocionantes histórias de amor.

domingo, 2 de março de 2008

Sorte do orkut

Bem, nem ia voltar a escrever hoje no meu abandonado blog, porque estava tentando refletir sobre meu talento para blogs, principalmente, depois de deixá-lo abandonado por tanto tempo assim. Enfim, hoje foi um dia cansativo no sentido literal da palavra, lavei roupa das sete e meia ate meio dia! Dormi muito e com nada para fazer resolvo ir para o orkut. No exato momento a única forma de comunicação virtual que ainda freqüento. Quando dou por mim, já tinha lido a sorte orkutiana, no inicio fiquei indignada comigo mesma. Pois há muito tempo parei de ler horóscopos nos jornais, porque se não acredito para que lê-los. Não acredito numa palavra da Veja e não a leio. Logo também não devia ler horóscopos.
Mas, de repente, me pego lendo...

Um grande homem sempre recebe a ajuda de outros grandes homens
Estranho?Estranho!

E foi isso. Não acho estranho as pessoas escreverem coisas sem sentido e acharem que é o máximo, porém achei estranho que estava sem sentido semântico, já que sou uma mulher, mas tinha significado. Como aqueles livros –Cem Anos de Solidão, Poemas de Neruda, digressões que Machado de Assis faz tão bem, ou o mundo de neologismos de Guimarães- que você entra numa realidade imaginária e ilógica, mas com sentido real.
Primeiro pensei: “Pode ser, sobre o estagio que estou tentando, eu, uma grande mulher sendo ajudada....” Mas nem me iludi muito com essa possibilidade, ate porque, não sou uma grande mulher, sou uma criança e por enquanto muito preguiçosa. Então depois de cinco minutos de reflexão profunda, eis que acho minha solução, hoje daqui a pouco umas sete da noite uma grande mulher vai ser ajudada com um chá beneficente, uma professora fantástica, com uma voz que parecia um sonífero para os não amantes da literatura.
Ela falava com uma paixão que só vi algumas vezes na minha vida. Mas, não sei se por admirar muito Clarice Lispector, acabou também com uma tragédia em sua vida. Seu marido suicidou-se. Mas lá vinha aquele tico de gente, com os cabelos curtos, loiros e às vezes enrolado, às vezes meio bagunçado. Ela era uma criatura impressionante, só conhecendo mesmo para tirar suas conclusões. A primeira vez que a vi pensei que fosse uma professora com um mau gosto terrível para se vestir, e olha que eu nem ligo muito para isso. E ainda por cima tive a audácia de pensar que ela era fútil, só porque essa criatura de inestimável conhecimento literário entrou na minha sala, para fazer uma campanha de ajudarmos a comprar uma cadeira de rodas para um cachorro! Como tanta criança passando fome, neste mundo. Mas fazer o que?! Quando tive aulas com ela, não passei a concordar com aquela campanha para animais, mas a respeitar, pois ela amava os bichos, e realmente, lutava por aquela que era sua causa.
E hoje ela não está mais aqui, acredito que esta viajando no meio da realidade literária, esqueceu-se um pouco do real, por quê? Não sei. Por medo, aquele medo que sentiu Dorian ao deparar-se com seu retrato¹. Ou talvez tenha se isolado do mundo exterior, assim como Orian, foi isolado por Albert Camus. Só que ao contrario da obra, a humanidade permanece nela². Ou então ela, foi engolida de vez pelo crocodilo, e começado a fantasiar que viver lá dentro lhe trará mais vantagens³.
Enfim, espero que sua loucura seja, um imenso passeio pelas grandes obras. Por que ela uma grande mulher, foi responsável por ensinar a muitos as belezas dessas terras e ilhas, chamadas de obras ou ate mesmo simplesmente de livros. Hoje, varias grandes mulheres se juntaram para ajudá-la a voltar para nossa realidade.

Notas:
¹Dorian Gray personagem de Oscar Wild, no livro O retrato de Dorian Gray. Ele é um homem com uma beleza imortal, ate o momento de encarar seu retrato que além de envelhecer por ele, também personificou toda a alma podre de Dorian.

²Orian, cidade do Livro de Albert Camus, A Peste. Essa cidade é atingida pela peste, e lá as pessoas ficam isoladas.

³Referência ao livro De Fiódor Dostoievski, O Crocodilo. Onde Ivan Matviéich é engolido por um crocodilo, e em vez de querer sair começa a articular e imaginar planos de viver com o crocodilo. Lógico que essa é apenas mais uma das metáforas excepcionais criadas por esse gênio da literatura.