Se ao menos uma vezinha só, os motoristas se lembrassem de quando eram pedestres certos tipos de acidentes de carros não aconteceriam.
Será que as pessoas têm a memória tão fraca? Se a capacidade de armazenar informações no cérebro é imensa ao ponto de termos milhares de gavetinhas, localizadas em algum lugar do nosso subconsciente, com todas as coisas que vimos, sentimos, vivemos e fazemos. Temos potencial de uma dispensa gigante, mas vá lá saber o que tem lá dentro.
Não deveria ser assim, porque, se dentro daquela dispensa, tivesse ordem as lembranças fluiriam na nossa cabeça mais rápido, não é! E, assim os benditos dos motoristas recordariam como era quando eram pedestres, e não passariam o sinal vermelho deixando o pobre do gasta sapato lá plantado de baixo do sol -queimando neurônios e ampliando suas possibilidades de desenvolver câncer de pele- esperando a caridade de algum motorista que se lembre, “Ah, estou motorizado, com um capô me protegendo do sol vou chegar mais rápido que este pedestre , então posso deixar ele passar”
Mas nãooo! A memória não ajuda os pobres dos motoristas. O cérebro é mesmo uma coisa inútil. Além de não conseguir fazer as lembranças serem lembradas, não consegue nem raciocinar. Porque, vejam bem, aquelas pobres pessoas que por infortúnio do destino nunca chegaram a saber o que é ser um gasta sapato. Elas precisariam saber raciocinar para pensar que por estarem de carro vão mesmo chegar mais rápido, logo não precisariam furar os sinais vermelhos, não necessitariam buzinar para o pobre do pedestre que saiu correndo atrás do Mercedes Bens, porque além de gasta sapato, às vezes quase sempre, dependem dos Mercedes Bens para percorrerem distancias longas. E o cérebro inútil não pensa para seu dono. Então, ele com raiva esquece que mesmo o gasta sapato sendo um gasta sapato é da mesma espécie que ele, e acelera o carro para passar por cima daquele pedestre que o deixou enfurecido por tentar atravessar a rua.