O Caçula é um cara muito engraçadinho. Tem tudo do bom e do melhor. É o mais bajulado. O Bebêzinho da mamãe. Mas, sabe porque? Porque seus pais tiveram o filho mais velho para bater, gritar e botar mais de castigo. Foram se aprimorando. Filho mais velho, da minha geração, pegou os pais muitos novinhos, inexperientes. Nós, filhos mais velhos fomos cobaias. E lá em casa não podia ser diferente. Eu, como filha mais velha, acompanhei todo este processo. Conhecimento de causa.
“Sabe qual é o meu sonho? Me aposentar. Se eu vou sair daqui de casa? Nunca. Vou viver com a mãe e o pai pra sempre.”, dizia isso o caçula lá de casa, com 17 anos de idade, sem nunca ter pego no pesado. É pra acabá com o piqui de Goiás. Ele ficou ensaiando passar num vestibular uns tempos. O que não deixou a mamãe muito feliz. Mas, fazê o que ele é o caçula. E, cê sabe, com caçula as coisas são diferentes. Ela só se estressava. Se fosse na minha época...Num quero nem pensar.
Mas, enfim, tudo foi consumado. O nosso caçula passou no vestibular. E ontem foi seu primeiro dia de não aula. Não aula porque é de praxe em faculdade pública o primeiro dia você não ter aula, gastar ansiedade à toa. Mas, ele, teve não só o primeiro dia, mas saiu de casa. Se bem, que saiu não é a palavra certa. Se pra mim foi um empurrão, para ele sair do lar doce lar foi um chute mesmo. Isso que eu to sendo sutil. Sei que meus pais traçoram toda uma estratégia, e tática chamada o “Plano X: Meu caçula vai sair de casa”. Com mensagens subliminares durante nossa amamentação e tudo mais...
Depois, doutrinando ainda na nossa infância da vontade de estudar fora (fora aqui, é lógico, é igual a morar só). Porque vocês sabem, isso não depende só de condições financeiras. Tem que estar inculcado, porque se nós (os filhos) fossemos pensar, pra que sair de casa? Cama, comida, roupa lavada e sem preocupações. Comigo, a mais velha, deu certinho a doutrinação, gosto, gosto mesmo de morar só, e da história a auto-sustentação. A outra já não deu tão certo, mas ela que invente de desistir, vai ver o que é bom pra tosse. E, agora foi-se o bebêim da família...
Eu estava quase propondo um bolão, para ver se o nosso caçula vai se comportar como a filha mais velha (eu), ou ia ser mais para o lado da minha irmã. Mas, sabe, isso nem importa muito. Importa mais que ele se de bem, e saiba viver esta fase de amadurecimento muito boa. Mas, ainda aposto mais em mim, afinal, de quem ele copiou a forma de desenhar árvores? Quem? Quem?!
Quando eu optei por sair de casa. Mudar de Estado. Foi por causa dos sonhos que tinha construído. E, que de uma forma ou de outra realizei. Mas, sabia que este meu sonho me custaria caro. Tinha que ir na estrada e olhar firme para frente, se ficasse olhando muito para trás vacilaria, iria querer voltar para a segurança da minha família. Mas, esse olhar firme para frente, me fez não ver coisas muito importantes. Tipo, o crescimento do meu irmãozinho, que já não é um tão inho assim... Não que estivesse ausente, mas não estive totalmente presente, quando ele mudou de voz, ou foi para primeira balada, mas estava aqui vendo meio à distancia, e torcendo muito por tudo.
Foi a distancia que vi ele se tornar este rapaz prestativo, paciente, competente. Às vezes meio preguiçoso. Mas, sempre meu irmão de caracóis na cabeça, que resolvia meus problemas com martelos, furadeiras, para as minhas invenções artísticas, em algumas até obrigava ele a participar, outras, ele gostava da idéia e aprimorava.
E, mais uma vez daqui, vendo de longe, mas vendo. Torço, Rezo, peço muito por você. Que esta fase seja de realização e construção de novos sonhos, porque uma vida adulta sem sonhos, não é pra gente criada lá em casa pelo papai e mamãe.