sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Nos tempos da Laranja Azeda...

Quem não teve saudades levante a mão! Pois é assim mesmo, morremos de saudade. Saudade de um beijo, de um amigo, de um pai, mãe, avô, avó, temos saudades de um bolo gostoso, de um rio, de uma roupa, temos ate saudade de algumas encrencas que tínhamos nossos irmãos.
Então, eu como ser incrivelmente saudoso, com um potencial torrencial de lagrimas. Tenho muitas saudades de tudo e todos!
Meu apelido quando criança era laranja azeda não sei qual a relação, e agora contando ele a vocês me soa muito ‘nada a ver’, mas ganhei-o porquê só chorava. Era por uma tarefa que não conseguia fazer, era por um machucado, era porque eu não queria algo, ou porque queria, por um filme, era porque estava sozinha, era de alegria lá estava eu chorando. Eu simplesmente era uma Maria chorona ou como meu pai me chamava uma laranja azeda.
E hoje matando a saudade de uma coisa que enjoei de fazer em casa –almoço-, lembrei de uma coisa que nem voltando para Ji-Paraná, vai voltar. Para ser bem sincera, sei que nada vai voltar a ser como era antigamente, mesmo voltando agora para minha cidade, acho que talvez se voltasse no tempo poderia tentar.
Tive muita saudade de quando você tem seus sete para dez anos nos tempos que era chamada de Laranja Azeda. E todo dia acorda cedo para ir à escola e depois de se sujar no recreio, mesmo que você não tenha feito nada além de correr atrás dos meninos - no sentido literal-, mas esperando que aquele o qual as meninas da quinta namoraram, se apaixone por você. Tive tantas saudades daquela inocência, tive tanta saudade do meu medo de ser gente grande. Porque gente grande é tudo chato! Não come esquine, nem gosta de brincar de esconde e esconde, ficava um tempão vendo televisão e trabalhando, nem tinha tempo de subir em árvore!
Tive uma saudade imensa de conversar com o povo, o povo lá da escola. Não todo o povo, porque não tinha como conhecer todo mundo à escola era enorme para uma criança de menos de um metro e meio. Se bem que hoje não mudei muito, mas a escola já encolheu. E ficou com o espectro de uma menina com cabelo cortado chanel meio gordinha correndo pelos corredores com uma mochila pesada pelos livros, lápis de cor, tesoura, cola coloridas, folhas e mais folhas. Ela ficou lá, no coração daquelas salas, daquelas provas, daqueles teatros, daquelas bagunças, das guerrinhas de papel.
Parecia ate mágica, o sino tocava e em menos de cinco minutos a enorme escola ficava vazia, até os pedacinhos de giz eram levados por aquele menino. Ai que raiva! Ele acertava o giz na cabeça do outro menino e saia correndo empurrando todo mundo pelo portão. E lá fora...Ah, lá fora aquela imensidão de pontinhos vestidos tudo igual. Tinha os conversadores num cantinho do muro, as que sentavam no meio fio a espera do ônibus ou dos pais e estes demoravam mais que os ônibus, os que caiam porque saiam correndo e aquela briga... Juntava mais a criançada do que formiga atrás do açúcar no chão. E cada qual, aos poucos ia em busca de seu caminho para casa, seu caminho para a maturidade...
p.s.
Desculpa, o completo abandono.