segunda-feira, 2 de maio de 2011

Meu pé de Limão Lima

Ontém me deu uma nostalgia danada do ontem, do antes de ontem, e do antontem. Nostalgia daquelas sardades brabas que serra com serrote o peito pra ficarmos uns dias amuados, num canto jogando com os pensamentos sobre os sentimentos mais profundos do coração.

Vagando nas saudades de andar descalços o dia todo sem importar, sujar a roupa sem se preocupar, trepar em árvore só pra ouvir uma mãe gritando “desce dessa árvore, muleca! Na hora que cai num vem chorando pra mim não”. Saudades de ter lanche da tarde, depois de brincar de pé na lata, esconde-esconde, posto de gasolina no pé de limão...

Ah, o pé de limão. Miado. Pequeno. Mas da altura suficiente pra ser fonte das inúmeras brincadeiras do antontem. Estacionamento, Loja, restaurante, pega pega, cai no poço... E, suas folhas com cheiro da fruta que dá nome ao pé, que eu nunca vi um fruto, ainda serviam pra serem comidinha e dinheirinho... Como ele deve ter agüentado as oito crianças que vira e mexe sempre estavam ali arrancando suas folhas, se escorando no caule fino, e usando sua mirrada sombra.

Eita pé de limão resistente! Resistiu a essas crianças arrancadoras de sua seiva, a mudança do muro de lugar, a várias construções, mas não resistiu ao tempo que levou a infância das crianças. E o meu pé de limão lima, igual ao da estória famosa, que não foi doce como a laranja lima, mas doce como só os dias da infância podem ser.